quarta-feira, 11 de março de 2009

Metrópole

Miaus crônicos e renhidos estalam em silencio no meu ossículo bifurcado.
Cinderelas de mini-saia, escondendo mandiocas por entre o cinto, saltam no anterior de luzes policromáticas à sacudir duas bandas dum filé, ora branco, ora escarlate, ora negro.
Trabalhadores dourados de estrume aspiram à rodelas argentum-auricas titilantes em carapaças felpudas, salientes e asquerosas, que se encaixam em cabeças jogadas ao leu de pulgas e piolhos cheios de cor.
Comerciantes noturnos anunciam bombas de farinha rosa; Doses do turquesa ácido sulfúrico.
Dicionários metalizados e codificados eriçam-se, mas logo se aquecem com urinas quentinhas de um indigente barbudo.
Milhares de procissões ascendem velas em meu crânio onde gritos sorrateiros, ora de sopranos, ora de chavales, buzinam sons iridescentes.
Enquanto isso, só agora, eu, acromificado, bebo alegremente, na metrópole, uma sóbria embriaguez perdida e isolada no urbanizado sítio conurbado da perfídia humana.

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